Extraído do jornal Folha de Pernambuco
As bioenergias oriundas da agricultura, apresentam atributos altamente positivos em sustentabilidade, notadamente através dos benefícios gerados, com vistas a preservação da qualidade do ar que respiramos, e ainda mais, nessa fase de pandemias, quando o homem constata com mais evidencias, a necessidade em investir, preventivamente, na saúde pública do planeta. A consciência generalizada da prevenção das doenças, decorrentes dos problemas pulmonares, aflorados intensamente na atual pandemia da Covid, são realidades inexoráveis para a mobilidade veicular. As principais cadeias produtivas dos biocombustíveis, estão intrinsecamente relacionadas ao bioetanol, ao biodiesel, à bioeletricidade, ao biogás e àquelas de fontes com origem vegetal e animal, que se destinam em muito ao combate dos danos da poluição das cidades e do planeta.
Tratam-se de energias que de fato promovem, benefícios efetivos ao meio-ambiente ,integrando um mundo que luta pelo carbono neutro, e por metas de redução dos limites de emissões; os chamados “cap and trade” que geraram protocolos de metas ,desde a Rio 92,e assim sucessivamente, pelas “conferencias das partes” que ocorreram até a “COP 25 na Espanha” em 2019,estando no entanto, adiada a aproxima convenção do clima; A COP 26 da Escócia ,para um período pós- pandemia, provavelmente para fins de 2021.
Outrossim, consideramos muito relevante a informação, que atesta que o continente europeu, em seu recente plano de reestruturação, fará inversões de cerca de 750 bilhões de euros, tendo como exigência principal, a implantação de plano para zerar emissões de carbono no médio prazo, o que denota a altíssima prioridade dada aos assuntos de meio-ambiente. Eram temas adormecidos que começarão a serem postos em prática com foco e metas a serem alcançados.
O nosso Brasil, por seu turno, se encontra também, bastante inserido no mapa das produções sustentáveis, tendo produzido na safra 2019/2020, cerca de 6 bilhões de litros de biodiesel, bem como 34 bilhões de litros de etanol de cana, o que se constitui, no que se refere ao etanol, na segunda maior produção do globo, atrás apenas da produção, altamente subsidiada dos Estados Unidos da América do Norte. Contamos com um agronegócio da cana presente em mais de 1.200 municípios brasileiros, gerando hum milhão de empregos diretos, processando matérias primas próprias e cultivadas por 70.000 fornecedores de canas, destinadas a cerca de 380 usinas, das quais 132 produtoras, exclusivamente para o etanol e 248 que produzem etanol e açúcar.
Em outro prisma, a organização mundial da saúde (OMS), atesta que 90% da população mundial, vive em locais com qualidade do “AR” deficitária, e que, a poluição responde por 7 milhões de mortes prematuras por ano. Por outro lado, na capital paulista, a poluição responde por 12 por cento das internações hospitalares, número considerado demasiadamente alto.
Vale a lembrança de que na atual pandemia, com uma ausência maior de poluição, a fauna começou a ressurgir nas grandes cidades, notadamente pela diminuição da mobilidade veicular por veículos abastecidos por combustíveis fósseis, posto que um grande diferencial do etanol em relação a gasolina, recai exatamente no fato de suas emissões serem equivalentes a 90% menos de gases causadores do efeito estufa, e ainda ,pela paridade de preços do etanol hidratado com a gasolina, conferir melhor competitividade econômica para o uso do combustível limpo, em até 76 por cento, no desempenho do custo x benefício para o consumidor.
Impressionantes são ainda as estatísticas, que mostram que desde o ano de 2003, as emissões evitadas pelo etanol foram de 603 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera de nosso país .Por consequência, os produtos da chamada “Economia Verde “ganham mais e mais espaço no nosso planeta, sobretudo por proporcionarem “Ar Limpo”, mais saúde e inclusão social efetiva, num projeto de desenvolvimento que passa necessariamente por aperfeiçoamentos tecnológicos, aliás já em francos processos de implementação nas energias veiculares. Esses pressupostos deverão ser consolidados no Brasil, por meio da Política Nacional de Biocombustíveis, disciplinada na lei do “Renovabio”, número 13.576, de dezembro de 2017.
A Política em referência, pretende expandir a produção de biocombustíveis em geral, com previsibilidade e sustentabilidade ambiental, compatíveis com as regras de mercado e traduzida por certificações de descarbonização que formarão um mercado de ativos financeiros em bolsas, onde por meio de metas anualmente fixadas pelo governo federal, as “Distribuidoras” de combustíveis que comercializarem produtos fósseis ,serão orientadas a compensarem os pertinentes danos , na compra de Certificados de Descarbonização-Cbios, sob pena de multas ambientais.
As Usinas de Pernambuco e do Nordeste, estão desenvolvendo um firme esforço de participação, com total determinação em seus processos de certificação, perante as empresas supervisoras, credenciadas pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis – ANP.
Desta maneira, se credenciam mais e mais, na era do “carbono zero”, agindo sobretudo por uma filosofia de trabalho, cuja atitude, resultará em mais sustentabilidade para os ecossistemas que se consolidam na economia verde e circular do nosso planeta.
Renato Augusto Pontes Cunha é Presidente do SINDAÇÚCAR-PE e Presidente Executivo da NOVABIO