Manejo biológico representa uma efervescência de tecnologias e de resultados e não pode mais ser menosprezado na estratégia das usinas e produtores de cana
Por Josias Messias
A cana-de-açúcar entra na era mundial dos biológicos, que já movimenta quase R$ 500 milhões no Brasil, representando uma expansão de 77% em 2018 sobre o ano 2017, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio).
Hoje, a maioria das usinas faz uso de “defensores biológicos”. Cerca de 4 milhões de hectares de cana já são protegidos por estes agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (insetos como vespas), que trabalham combatendo organismos nocivos ao canavial.
Esta realidade já está mudando os canaviais e representa uma volta às origens da agricultura, com as pragas naturais sendo combatidas por seus inimigos naturais.
Na cana, o controle biológico é eficaz contra pragas como a broca da cana, a cigarrinha, o sphenophorus e nematoides, podendo associar o uso de bioprodutos com químicos. Já o manejo biológico inclui biofertilizantes, bioestimulantes, extratos de algas e outros produtos microbiológicos, como fixadores de nitrogênio.
Ao invés de concorrentes, os biológicos são aliados dos defensivos químicos, compondo com destaque o Manejo Integrado de Pragas (MIP). E otimiza os recursos com o uso dos equipamentos normalmente empregados no manejo, ou até mais econômicos, como drones, incentivando o desenvolvimento da agricultura digital e o emprego de mais inteligência nas operações.
E a tendência é que o manejo biológico cresça por conta da demanda dos consumidores e do mercado por alimentos mais saudáveis, livres de químicos e obtidos por processos mais próximos dos naturais. O próprio RenovaBio deve intensificar sua adoção, pois o manejo biológico permite uma nota maior na emissão dos Crédito de Descarbonização (CBIO) por conta da redução na emissão de carbono e o impacto nulo ou baixo para o ambiente.
No caso das usinas, a necessidade de redução de custos também tem favorecido o controle biológico, já que a maioria dos bioprodutos é mais barata do que os químicos, apresentam quase sempre a mesma eficiência em curto prazo, e maior no médio e longo prazo.
Segundo a ABCBio, um dos fatores de incremento na adoção de biológicos é sua crescente eficiência no controle de pragas e doenças, com casos de agentes biológicos que já apresentam a mesma eficácia dos produtos convencionais. Outro fator é que há uma demanda por soluções que resultem em menor impacto em termos de resíduos, principal característica dos agentes biológicos.
O fato é que o manejo biológico ou orgânico representa uma efervescência de produtos, de tecnologias e de conhecimentos e não pode mais ser menosprezado na estratégia agrícola das usinas e produtores de cana!
Visando ampliar a discussão sobre as principais tendências e estratégias da área, a ProCana Brasil estará realizando o primeiro Seminário de Manejo Biológico e Orgânico em Cana-de-Açúcar, nos dias 26 e 27 de junho no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto.
Denominado CANABIO, o evento representa uma oportunidade única de benchmarking na área, pois já estão confirmadas apresentações e cases de diversas usinas, incluindo os grupos brasileiros Adecoagro, Atvos, Balbo, Biosev, Guaíra, Jalles Machado, Raízen, Tereos e Vale do Verdão; e de grupos internacionais como o Pantaleon, da América Central, e a Oitisa, do Paraguai; além dos maiores especialistas da área.
Seja olhando para o passado ou para o presente, os fatos revelam que o manejo biológico representa o futuro. Nosso papel deve ser promover uma volta ao futuro, a este futuro biológico e sustentável para a cana!
Josias Messias é Presidente do Grupo ProCana Brasil