Por Augusto Decker
O grupo Atvos – controlado pela Odebrecht e em recuperação judicial separada da controladora -, espera que as oito usinas inscritas no RenovaBio consigam a certificação até março. Até segunda-feira (10) três delas já estavam certificadas. “O prazo não depende de nós, depende da ANP. Já queríamos ter todas, mas achamos que até março teremos”, afirmou ao Broadcast Agro o vice-presidente de relações institucionais e de sustentabilidade do grupo, Amaury Pekelman.
A empresa estima poder emitir em torno de 2,5 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOs) em 2020 – as distribuidoras precisarão comprar 28,7 milhões no ano. As três unidades da Atvos que já estão certificadas podem emitir cerca de 1 milhão este ano. O volume de CBIOs que a companhia pode emitir leva em conta também a elegibilidade – medida criada para medir a rastreabilidade da matéria-prima, com o objetivo de não usar material de terra desmatada nos últimos anos. Das três unidades já certificadas, Santa Luzia I (MS) tem elegibilidade de 99,43%; Conquista do Pontal (SP), 99,19%; e Eldorado (MS), 95,36%. A elegibilidade média de todas as oito fica em 98,16%, usando como base de cálculo para as usinas ainda não certificadas as notas prévias das consultas públicas.
Não há estimativas da receita que os CBIOs poderão gerar para a companhia este ano. “Estamos focados no aspecto ambiental, que é o mote do RenovaBio, mas esperamos uma receita sim em 2020”, afirmou Pekelman. “Não posso mensurar quanto porque não sabemos valor do CBIO. Queremos ampliar o mercado, fazer com que outros, além das distribuidoras – que têm obrigação -, comprem os certificados”, completou. “No ano que vem talvez consigamos fazer previsões. Agora ainda é muito cedo.”
Independentemente do montante, o grupo quer usar os recursos que entrarem para investir e crescer. “O setor ainda está aquém da capacidade instalada”, afirmou Pekelman. “Primeiro, tem que alcançar essa capacidade instalada. Num segundo momento, investimentos. O foco do RenovaBio é esse. Queremos fazer substituição da matriz energética, sair do fóssil para o renovável.”
De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), até ontem (10) havia 11 usinas de etanol já certificadas e 146 com processos em andamento.